Repercussão nacional do assalto na orla de Araruama acaba com a ilusão da segurança na cidade

Conhecida por décadas como um refúgio tranquilo na Região dos Lagos, Araruama vem perdendo, ano após ano, um de seus principais atributos: a sensação de segurança. A cidade, que já foi considerada uma "estação de águas" para delegados e policiais transferidos, agora ocupa lugar de destaque nos rankings de violência.
Em 2017, Araruama foi apontada como a terceira cidade mais violenta do estado do Rio de Janeiro. Dois anos depois, liderou o triste ranking das cidades do interior com maior número de homicídios, segundo dados do Atlas da Violência.
Na última Sexta-Feira Santa (18), um assalto à mão armada em plena luz do dia, em um quiosque recém-inaugurado na Orla Niemeyer, trouxe novamente atenção negativa à cidade. A ação foi registrada por câmeras de segurança e as imagens rapidamente ganharam repercussão nacional. De acordo com os responsáveis pelo estabelecimento, o vídeo foi enviado apenas à polícia e às vítimas, mas acabou vazando nas redes sociais.
Nas redes sociais, o caso viralizou. O perfil “Rio da Nojeira”, voltado à divulgação de notícias de crimes no estado, e que tem cerca de 500 mil seguidores no Instagram, publicou as imagens, que já somam mais de 300 mil visualizações até o momento. Nos comentários, é possível perceber a indignação do público e o lamento pelo que se tornou a reputação de Araruama e da Região dos Lagos. As principais emissoras de TV também noticiaram.
Apesar de ter se tornado uma cidade bilionária com a arrecadação dos royalties do petróleo, os investimentos em infraestrutura de segurança não acompanharam o crescimento econômico. A responsabilidade pela segurança pública é, majoritariamente, do governo estadual — que, segundo moradores e autoridades locais, há anos negligencia a cidade. Além da segurança, a manutenção das rodovias que cruzam o município também se deteriora, agravada por um relacionamento histórico tenso entre a prefeitura e o Palácio Guanabara nos últimos anos. Prova é que o Batalhão da Polícia Militar, prometido para Araruama há mais de uma década, foi recentemente instalado em Maricá.
Assassinatos ligados ao tráfico de drogas, milícias, assaltos e outras ocorrências têm se tornado parte da rotina dos moradores. Com isso, Araruama passa a ser reconhecida não mais pela calmaria de outrora, mas como uma das cidades mais violentas de um estado historicamente marcado pela criminalidade.
Até o momento, a prefeita Daniela não se pronunciou sobre o caso. Há rumores de que esteja fora da cidade, como já aconteceu em outras ocasiões. No entanto, diante da crescente crise na segurança, é esperado que a chefe do Executivo municipal assuma o protagonismo no enfrentamento ao problema.
Resta a Daniela, que prometeu um mandato marcado pelo asfalto nas ruas, garantir que sua gestão não seja lembrada apenas pelos assaltos nelas. Para o bem da cidade — e de seus moradores.