PF investiga esquema milionário de fake news: prefeito de Cabo Frio também é alvo da "Operação Teatro Invisível 2"

Na manhã desta quarta-feira (16), a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Teatro Invisível, voltada a desmantelar uma rede de desinformação articulada no estado do Rio de Janeiro com fortes indícios de uso de dinheiro público para a promoção de fake news eleitorais. O prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho, está entre os investigados, levantando um alerta sobre a possível participação da máquina pública local no esquema de manipulação política.
A encenação da desinformação
De acordo com a investigação, o grupo criminoso contratava atores para encenar falsos diálogos em locais de grande circulação — como praças, estações de transporte e centros comerciais — com o objetivo de desmoralizar adversários políticos e influenciar o eleitorado. Essas encenações eram filmadas e amplamente divulgadas nas redes sociais como se fossem flagrantes reais, promovendo narrativas falsas e cuidadosamente roteirizadas.
A PF agora busca comprovar que os recursos utilizados para custear esse “teatro invisível” vinham de contratos superfaturados ou inexistentes com empresas ligadas aos envolvidos, resultando em um prejuízo estimado de R$ 3,5 bilhões aos cofres públicos.
Cabo Frio na linha de frente da investigação
A cidade de Cabo Frio, na Região dos Lagos, ganhou destaque no desenrolar da operação com a inclusão de Dr. Serginho entre os alvos da investigação. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao prefeito e a outras figuras públicas da cidade.
A Prefeitura de Cabo Frio emitiu uma nota oficial nesta quarta-feira, assinada pelo secretário de Comunicação, Paulo Becker, afirmando que ainda não possui informações concretas sobre o envolvimento direto do prefeito. A nota garante que, caso sejam confirmados dados relacionados à atuação de Dr. Serginho, “todos os esclarecimentos serão prestados com a máxima transparência e responsabilidade”.
Ação se estende a outras cidades e figuras políticas
Além de Cabo Frio, os mandados foram cumpridos nas cidades de Rio de Janeiro, Itaguaí, Mangaratiba e até em Juiz de Fora (MG). Entre os investigados estão também políticos que disputaram prefeituras em 2024: Valdecy da Saúde (PL), que concorreu em São João de Meriti; Aarão (PP), ex-candidato em Mangaratiba; e Rubão (Podemos), que venceu as eleições em Itaguaí, mas teve a posse barrada judicialmente.
Outro nome que reaparece no centro de um escândalo é Davi Perini Vermelho, o Didê (PSDB), presidente do Instituto Rio Metrópole. Ele já havia sido preso em 2020 por envolvimento em fraudes na compra de respiradores durante a pandemia. Na nova fase da operação, a PF apreendeu um relógio de R$ 39 mil em sua residência no Recreio dos Bandeirantes.
Empresas com atividades suspensas
Além dos mandados, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 3,5 bilhões das contas dos investigados e a suspensão das atividades econômicas de oito empresas envolvidas no esquema. As autoridades apuram ainda crimes como obstrução da Justiça, fraude em licitações, uso de caixa dois e lavagem de dinheiro.
Impacto político e social
O caso causa forte repercussão em Cabo Frio, onde a gestão municipal já vinha enfrentando críticas por falta de transparência em alguns contratos públicos. A inclusão do prefeito Dr. Serginho na lista de investigados pela PF aprofunda a crise de confiança e pode ter desdobramentos nos próximos meses.
A Operação Teatro Invisível 2 não apenas escancara o uso indevido de recursos públicos, mas também revela como a tecnologia e a encenação foram exploradas para manipular o debate político, fragilizando ainda mais a confiança do eleitor nas instituições democráticas.