Atenção, Araruama: Dignidade Não É Privilégio

Infelizmente – ou, quem sabe, felizmente – nem todos têm acesso a um vale-alimentação de R$1.500,00 e a jornada confortável de apenas dois dias por semana em meio período.
Em Araruama, os trabalhadores braçais, que prestam serviços ou são vinculados à Prefeitura – ainda que isso nem sempre fique claro – recebem suas quentinhas e se acomodam pela praça cartão-postal da cidade, sentados no chão, para almoçar. Estão a poucos metros de onde outras espécies, como os pombos, também disputam alimento.
Alguns dirão que isso sempre foi assim. Mas estamos em 2025, vivendo numa cidade que movimenta bilhões nos cofres públicos. Uma cidade que parece ignorar esta e tantas outras situações aparentemente pequenas, mas que revelam muito. Algo precisa mudar – e pode começar justamente com uma transformação de mentalidade. Como diz o velho provérbio: “o diabo mora nos detalhes”.
Muitas dessas pessoas são humildes e não demonstram incômodo nisso. Ainda assim, elas prestam serviço a uma estrutura bilionária: a Prefeitura de Araruama. Esta, por sua vez, não demonstra preocupação com o modo como trata sua força de trabalho mais vulnerável, sejam contratados diretamente ou terceirizados. Muitos estão uniformizados, ostentando o nome e o brasão do município. E todos, sem exceção, respondem a uma hierarquia.
A hora da refeição deveria ser sagrada. Para todos: trabalhadores da limpeza, estudantes, e até mesmo para os vereadores — que, embora não precisem de um vale de R$1.500,00, aprovaram esse benefício para si próprios. No fim das contas, trata-se de uma questão fundamental: promover o direito à dignidade.